Como advogados, a nossa função social é contribuir para divórcio consensual, resolução dos conflitos familiares, com esta mensagem de maturidade, de respeito.
Guarde estas três fundamentais palavras: respeito, diálogo e maturidade. Elas são importantes para o tema que tratamos neste artigo.
No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de divórcios aumentou 16,8% em 2021, comparado a 2020. Tivemos um recorde de 386,8 mil divórcios registrados em um ano, de acordo com os dados divulgados agora em 2023. Observando assim em números exatos e olhando “de fora”, a primeira coisa que podemos pensar é: “Nossa, quantas famílias destruídas e passando por processos, talvez, traumáticos!”. Mas não é porque um casal decidiu se separar que o processo precisa ser doloroso. O divórcio não é o fim. Ele significa um recomeço que pode ser belo e feliz.
Nem toda a dissolução definitiva do matrimônio precisa ser carregada de dor. É possível passar por este processo (seja ele qual for: Extrajudicial; Litigioso ou Judicial Consensual) de forma aberta, leve. E para que isso ocorra a chave está nas três palavras que trouxemos no início: respeito, diálogo e maturidade.
A separação interfere diretamente em toda a rotina da família, principalmente daqueles casais que possuem filhos, e num ambiente de brigas tende a ser muito pior.
Conscientemente, devemos pensar da seguinte forma: como aquela pessoa que passou anos ao seu lado, que viveu momentos muito felizes, foi sua melhor amiga, agora passa ser sua inimiga? É por isso que o divórcio precisa do respeito, de ser conduzido de forma respeitosa. Cada uma das partes deve se autoconhecer para manter o bom senso, saber a hora de parar.
O divórcio, seja ele judicial ou extrajudicial, é um processo que se inicia dentro da pessoa. Quando um dos dois começa a se questionar, percebe que o casal já não tem o mesmo propósito, os mesmos valores, não está feliz, é o momento de iniciar o diálogo.
Vale também para aqueles casos em que um dos dois não quer mais continuar. Quando o outro não está de acordo com a separação, tem de refletir. Como será ficar com alguém que não está feliz? Este lugar não é mais meu.
Permanecer em uma relação em que não há mais conexão, respeito e admiração não é saudável. Nem para o casal e nem mesmo para os filhos.
Esta tentativa ou teimosia em continuar em algo que já não está bom pode gerar a perda do respeito, a falta da admiração e é a partir daí que, sem o diálogo, surgem ainda mais brigas.
Por medo do divórcio, muitas pessoas permanecem em casamentos infelizes tornando a própria vida e a vida da família uma experiência conturbada e de sofrimento.
Por isso, quando as alternativas de reconciliação estiverem esgotadas, o melhor é cada um seguir seu caminho e buscar novas formas de ser e viver com harmonia e amor no coração, pois, sempre haverá um lindo caminho com novas possibilidades pela frente.
Maturidade: aceitar o que não dá para mudar e maturidade para conduzir o que há de vir.
Como advogados, a nossa função social é contribuir para a resolução dos conflitos familiares, com esta mensagem de maturidade, de respeito. Somos responsáveis em adotar a postura mais conciliadora. Colocamos em uma posição de contribuir com bons conselhos, não só os jurídicos, mas também os pessoais. Afinal de contas, quem vive o processo de divórcio é o casal e auxiliá-lo a passar por isso de uma maneira leve é um dos nossos deveres. Fazemos com que os casais possam passar por este processo da forma mais tranquila possível. Uma maneira de auxiliar estas pessoas não somente da forma jurídica, mas também de como se relacionar com o outro.
E quanto aos filhos… Filhos de pais divorciandos não são infelizes. Infelizes são os filhos de pais que permanecem brigando, tornando o ambiente familiar insustentável.
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Fonte: Migalhas